A aplicação da Biossíntese na clínica infantil vem sendo uma construção gradual, sessão por sessão, com cada criança. O atendimento psicoterapêutico à criança envolve uma variedade de intervenções e abordagens terapêuticas, daí o questionamento: em que, como, porque esse…
Meu enfoque surgiu a partir de muitos anos de experiência com a Terapia Reichiana, portanto é necessário primeiramente dar um pequeno Background sobre Wilhelm Reich.
Reich foi um psicanalista que trabalhou com Freud em Viena nos meados de 1920. Ele conservou vivo o trabalho inicial de Freud e Brever que enfocava a economia das energias das neuroses e a liberação expressiva das emoções: Reich desenvolveu seu método de análise do caráter em Viena e Berlim, no qual colocava o caráter como uma defesa protetora contra a ameaça das necessidades primárias. Alguns anos mais tarde, em Copenhague e Oslo, Reich desenvolveu o método chamado Vegetoterapia, que trabalhava diretamente com as raízes somáticas da resistência de caráter na forma de um sistema de tensão muscular que Reich chamou “armadura”. A neurose estava fisiologicamente ancorada nestas tensões e associada com perturbações do ritmo respiratório.
A Biossíntese é uma abordagem psicoterápica que busca criar condições positivas para que os movimentos auto-reguladores do indivíduo recobrem fluência e expressão. Fundamenta-se em diferentes fontes de conhecimento, entre elas o trabalho pioneiro de Wilhelm Reich, que postulou como indissociável a relação entre corpo e mente.
Em relação à “linguagem expressiva” do ser vivo, Wilhelm Reich escreveu:
Por exemplo, a palavra alemã ausdruck tem sua expressão equivalente na língua inglesa que descreve exatamente a linguagem do organismo vivo: o organismo vivo se expressa em movimentos, por esta razão falamos sobre “movimentos expressivos”. O movimento expressivo é uma característica básica do protoplasma. Isto distingue o organismo vivo do não-vivo... Temos que ir através de uma mistura de expressões patológicas e movimentos não naturais... para chegar à expressão genuína do organismo. (REICH, 1979).
Subo a montanha em busca de ar novo para nutrir meu corpo e minha alma.
O tempo é de descobertas, aventuras, ousadia... algo inquietante permeia meu ser.
As referencias psicanalíticas que construi não são suficientes para desvendar o que vislumbro da complexidade do humano. Surge a oportunidade de cursar um Programa de Mestrado em Artes em Psicologia Humanística em Antioch University em Londres em 1978 onde encontro David Boadella ensinando “Reichian and Neo-reichian therapies” desde então meu mestre, supervisor, psicoterapeuta e amigo.
Espiritualidade, mistério e religião A história da espiritualidade é tão antiga quanto a cultura humana, existe desde que o primeiro homem da Idade da Pedra enterrou seus mortos e pintou símbolos ritualísticos nas paredes de suas cavernas subterrâneas.
A palavra espírito vem da palavra respiração e está relacionada a inspiração.
O quinto elemento dos gregos era conhecido como “aitheros” e era uma energia fina mais sutil que o ar. Ser espiritual era estar em contato com esta essência sutil do cosmo e de si mesmo.
O contato com o próprio coração e com essa essência sutil, não era um processo que podia ser alcançado por meios intelectuais, ou pelo processo consciente do pensar do cérebro, era um mistério. O filosofo Gabriel Marcel fala de uma polaridade entre o que ele chamou de nível do “problema” da experiência e o nível do “mistério” que está subjacente ao problema. A possibilidade de cura vem deste nível profundo.
O símbolo da árvore da vida ereta no centro do mundo é tão velho quanto a mitologia. A árvore da vida que estendeu-se entre o céu e a terra, foi transformada na árvore da humanidade, o corpo do ser humano, situado entre o solo sob seus pés e o céu acima de sua cabeça.
Em minha apresentação das dimensões fundamentais da Biossíntese utilizarei esta metáfora da árvore como uma estrutura integradora para entendermos o relacionamento entre as diferentes partes do trabalho que temos em comum.
Contextos culturais da espiritualidade
1. Espiritualidade,mistérioereligiãoAhistóriadaespiritualidadeé tão antiga quanto a cultura humana, existe desde que o primeiro homem da Idade da Pedra enterrou seus mortos e pintou símbolos ritualísticos nas paredes de suas cavernas subterrâneas. A palavra espírito vem da palavra respiração e está relacionada a inspiração.
O quinto elemento dos gregos era conhecido como “aitheros” e era uma energia fina mais sutil que o ar. Ser espiritual era estar em contato com esta essência sutil do cosmo e de si mesmo.
Esther: David, conte-me sobre o seu passado e como você se interessou pela terapia.
David: Eu nasci em Londres, mas cresci em Kent. Ao norte ficam os subúrbios de Londres e, ao sul, a zona rural. Eu cresci muito próximo às árvores e sentia muita alegria em subir nelas.
Meus pais eram conectados a um professor espiritual (uma pessoa de mente aberta que ensinava os princípios das principais tradições espirituais do mundo). Tanto meu pai quanto minha mãe estavam buscando o quê está subjacente à superfície da vida. No entanto, eu era um adolescente rebelde. Um dos momentos chave no meu desenvolvimento foi descobrir, aos 21 anos, o trabalho de Wilhelm Reich em uma livraria anarquista de Londres.
A porta da casa esta aberta. Eunice Rodrigues caminha por um jardim sem muros, um dos poucos do condomínio que se mostra por completo a quem o olha de longe. Ela acena e volta para a casa. Sua sugestão é que a conversa aconteça em uma sala ampla. Em cima há um mezanino e uma claraboia. Um sofá em L forra parte do chão. Quando olha nos olhos, Eunice parece curiosa e serena. Demonstra um interessa cuidadoso em tudo o que ouve. Fala baixo. A algumas perguntas ela responde convidando o interlocutor: “vamos pensar juntos”. Revelaria em seguida que, além de escutar, observar é igualmente importante em seu trabalho.