1- CONTEXTO HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO NA INGLATERRA
1.1 – BIOSSÍNTESE é uma Terapia Somática que desenvolvi nos primeiros anos da década de setenta.
Meu enfoque surgiu a partir de muitos anos de experiência com a Terapia Reichiana, portanto é necessário primeiramente dar um pequeno Background sobre Wilhelm Reich.
Reich foi um psicanalista que trabalhou com Freud em Viena nos meados de 1920. Ele conservou vivo o trabalho inicial de Freud e Brever que enfocava a economia das energias das neuroses e a liberação expressiva das emoções: Reich desenvolveu seu método de análise do caráter em Viena e Berlim, no qual colocava o caráter como uma defesa protetora contra a ameaça das necessidades primárias. Alguns anos mais tarde, em Copenhague e Oslo, Reich desenvolveu o método chamado Vegetoterapia, que trabalhava diretamente com as raízes somáticas da resistência de caráter na forma de um sistema de tensão muscular que Reich chamou “armadura”. A neurose estava fisiologicamente ancorada nestas tensões e associada com perturbações do ritmo respiratório.
Reich viu a estase da libido expressada como uma estase da energia sexual que resultava numa capacidade reduzida de um contato profundo de alcançar gratificações no orgasmo.
A Vegetoterapia usava o toque e o movimento expressivo para elicitar impulsos reprimidos que estavam bloqueados na armadura muscular.
O cliente era ajudado a recuperar a função da pulsação em seus tecidos e expressão, e isto emergia espontaneamente quando a armadura muscular era dissolvida.
Eu fiz terapia com Paul Ritter em Nottingham entre 1952 e 1957, e depois me submeti a um treinamento em Vegetoterapia com Ola Raknes, o principal terapeuta reichiano na Noruega.
Nos últimos anos da década de 60, dois desenvolvimentos separados emergiram da tradição Reichiana e se enraizaram em Londres.
O primeiro destes foi a Psicologia Biodinâmica, um método desenvolvido por Gerda Boyensen em Oslo, que trabalhava com várias formas de massagem para liberar a energia bloqueada.
Quando ela se mudou de Oslo para Londres em 1969 eu organizei seus primeiros seminários profissionais, publiquei seus ensaios teóricos e coordenei muitos grupos de treinamento para terapeutas no Instituto Boyensen de Psicologia Biodinâmica.
O segundo desenvolvimento foi a análise bioenergética, que foi criado por Alexander Lowen e John Pierrakos em Nova York. Em 1968 eu ajudei a organizar o primeiro laboratório europeu de Lowen. Dois anos mais tarde fundei o Jornal de Pesquisa Bioenergética, e fui convidado por Lowen a participar de sua primeira Conferência Internacional, no México em 1971. Meu jornal publicava artigos dos principais terapeutas que escreviam sobre Bioenergética. Em seguida trabalhei como convidado em treinamento de doze ou mais programas de treinamento em Bioenergética.
Meu enfoque em terapia foi poderosamente influenciado não somente por Reich e seus sucessores mas por um grande número de pesquisadores que enfatizavam a importância crucial da compreensão da saúde e doença, dos insights ganhos em embriologia e o estudo da vida no útero.
Um dos mais iminentes destes pesquisadores foi Stanley Keleman, o diretor do Centro para estudos Energéticos, em Berkeley. Keleman tem um Background rico e amplo não somente no Instituto de Análise Bioenergética,
onde ele é um “Senior” em treinamento, como também no Centro de Estudos Religiosos, liderados por Karlfied Durkheim na Alemanha, e também com Nina Bull, diretor da Pesquisa de Atitudes Motoras no Colégio de Médicos e Cirurgiões, Universidade de Colúmbia, Nova York. Keleman ensinou-me como ler as qualidades expressivas de uma pessoa, a importância central do processo formativo, e como começar a compreender a anatomia emocional do corpo.
1.2- O termo “Biossíntese” foi primeiramente usado por Francis Mott, um analista inglês que trabalhava com psicologia configuracional enraizada em estudos profundos da vida no útero. Mott era um paciente de Nandor Fodor que tinha sido um cliente de Otto Rank. Mott esteve em contato com Roberto Assagioli, o fundador da Psicossíntese. Mott afirmou que seu trabalho era uma biossíntese porque lidava com as raízes orgânicas do processo de vida na existência embriônica. Apesar disto Mott trabalhava somente ao nível psicológico: seu foco principal era na interpretação dos sonhos.
O trabalho de Mott foi amplamente desenvolvido através da pesquisa de Frank Lake, este praticou uma forma profunda de terapia regressiva que ele desenvolveu na Inglaterra durante os anos cinqüenta, inicialmente usando LSD, e mais tarde, mais efetivamente, estimulando mudanças na consciência através do aprofundamento da respiração. Lake foi um terapeuta situado dentro da tradição da Escola Britânica de Relações Objetais, liderada por J. D. Fairbain e Harry Guntrip. Introduzi o enfoque dinâmico de Frank Lake em Londres, e comecei a perceber que meu enfoque em terapia implicava em juntar três diferentes tradições que se desenvolveram a partir de Freud: um traçado através de Reich, Lowen e Gerda Boyensen, enfocado no fluxo de energia libidinal, outro originado com Rank e expandindo por Francis Mott, enfocado nas experiências pré-natais; e em outro vindo através de Melanie Klein, os terapeutas da Escola de Relações Objetais e Frank Lake enfocado na relação mãe – bebê.
A integração destes enfoques foi inicialmente apresentado em uma aula que foi chamada “Stress e Character”, no Instituto Tavistock de Relações Humanas em Londres, Janeiro de 1974.
Depois da morte de Mott eu adaptei a palavra biossíntese à meu modo particular de terapia e para distingui-la de ambas – a Bioenergética e a Biodinâmica.
A PALAVRA SIGNIFICA “INTEGRAÇÃO DA VIDA”.
Eu descrevi a fusão de três correntes da libido que se diferenciam nas primeiras semanas de vida embrionária, que estão regularmente separados nos estados neuróticos, e cujo funcionamento integral é essencial à saúde somática e psíquica. Estes conceitos estão descritos em forma completa abaixo.
Em 1976 fui convidado para ser Diretor do então recém criado Instituto para Desenvolvimento do Potencial Humano em Londres, que foi criado por David Blagden Marks, o diretor do primeiro Centro europeu para o desenvolvimento do potencial humano.
Aí eu ensinei os princípios da integração terapêutica por seis anos. Em 1982 formei o Centro de Biossíntese para coordenar uma rêde de grupos de treinamento que originários da Inglaterra, agora se espalham por 30 outros países na Europa, América do Norte, América do Sul, Japão e Australásia.
O centro não tem sede e resistirá a tornar-se ligado a estrutura ou hierarquias organizacionais.
Biossíntese é um sistema aberto e não fechado.
Embora não seja um sistema de teoria ou método fixo, mas um contínuo evolutivo de conceitos e práticas retiradas de muitas fontes, integrados num nível de ordem superior.
Como um sistema ecológico ela se mantém na diversidade conquanto seja pela coerência e interrelação cooperativa entre as habilidades e princípios que a compõem.
2. AFIRMATIVAS TEÓRICAS:
2.1 A Imagem da Pessoa.
A palavra pessoa vem do grego “persona”. A persona era uma máscara que escondia a face do indivíduo. Ele não podia ser visto, mas sua voz podia ser ouvida. Ele era reconhecido através do som, per sona.
Biossíntese herdou de Reich a visão de que uma pessoa pode ser compreendida em três níveis de profundidade existencial. Na superfície nós temos a máscara: uma armadura protetora de atitudes e caráter formada como uma defesa às ameaças à integridade do indivíduo que ocorreram na infância ou mais cedo. A natureza destas ameaças será considerada. As defesas de caráter apresentam um self falso que esconde o verdadeiro self o qual foi ameaçado na infância, quando as defesas de caráter começam a ceder, o nível secundário de sentimentos dolorosos, incluindo raiva, ansiedade e desespero, aparecem. Debaixo deste existe uma camada primária de sentimentos do core, de bem- estar, amor e confiança. A frustração deste nível cria a camada secundária de stress; e a repressão do stress e do protesto cria a máscara.
As defesas de caráter permitem que as pessoas sejam classificadas de acordo com os seus padrões de defesa. Em Biossíntese nós estamos mais interessados no sistema de defesa como uma forma de estratégia de sobrevivência. A resistência necessita ser respeitada em sua função protetora de vida, e as qualidades, únicas do indivíduo que estão contidas e representadas no padrão de caráter, necessitam de ser reconhecidas, estimuladas e valorizadas.
A condição única de cada pessoa é enraizada em seu corpo físico e corporificada em seus tecidos. Assim as qualidades de vida de uma pessoa estão refletidas nas qualidades do tônus muscular, expressão facial, ritmos respiratórios, e a organização da excitação. O terapeuta vê pessoas cujos corpos foram condicionados pelas imagens restritivas que eles adotaram a partir da internalização das demandas do seu meio ambiente. Ver uma pessoa claramente é ver através destas imagens restritivas encapsuladas no caráter, e além das condições construtivas impostas pela armadura muscular.
Biossíntese não pensa que uma pessoa pode ser reduzida ao seu corpo físico. Pesquisas recentes confirmam o ensinamento antigo que nós temos uma energia corporal que se estende além do corpo físico, e o envolve. Esta energia corporal é chamada “bioplasma” na União Soviética e “perispírito” no trabalho do biofisicista brasileiro, Hernani Andrade. Na tradição mística corresponde à “aura”.
Biossíntese reconhece dois modos de existência somática e transsomática, e procura relacioná-los de forma que uma pessoa se sinta em casa em ambos os mundos. A ênfase na forma orgânica e vida somática como expressão da condição única de cada pessoa, é completada pelo reconhecimento de que estes são incorporações de qualidade de uma essência que transcende o nascimento e a morte. Em Biossíntese nos referimos à esta dimensão transpessoal como a base interior da pessoa. Grande parte do trabalho terapêutico consiste em ajudar a pessoa a encarnar esta base interior na sua vida exterior; e descobrir pelo aprofundamento de seu contato com a rica vida do corpo, uma forma verdadeira para seu mundo interno.
2.2 Conceitos de saúde psicológica e distúrbios.
Desde que em biossíntese nós trabalhamos com a unidade de corpo, mente e espírito (ou essência), não é possível ver saúde psicológica separada de saúde do corpo e da espiritualidade.
A saúde é estruturada numa função ondular rítmica, uma pulsação de alegria e atividades prazerosas na vida. Esta pulsação é vista no bioplasma:
“Em uma pessoa que está viva e vibrante, os centros de energia estão brilhando e pulsando; eles emitem luz, e são indispensáveis para a quantidade de energia que é metabolizada no organismo…”.
Esta é uma configuração pulsatória de energia que tem muitas cores e variações de tons e aparece como se estivesse oscilando e pulsando com a vida.
A expansão e contração do campo magnético corresponde aos processos de aumentar e diminuir dos tecidos do corpo. As pulsações do fluido cérebro espinhal (10-14 vezes por minuto), os ritmos do cérebro, as batidas do coração, o processo ondulatório da respiração, e o esticar e relaxar dos músculos, todos expressam esta oscilação fundamental do processo de vida não perturbado. Os seguintes aspectos foram desenvolvidos a partir de um artigo de Ola Raknes:
Aspectos somáticos da saúde:
A respiração é regular e rítmica, com movimentos livres e fáceis do peito. A peristalse no abdômen não é espástica nem flácida, mas funciona com um sentido interno de bem estar.
- O organismo está num estado de bom tônus (eutonia). Os músculos são capazes de mover-se livremente entre estados de tensão e relaxamento sem encontrar-se cronicamente rígidos ou em colapso. A pressão sangüínea é normal e a pressão arterial nas pernas está funcionando bem.
- A pele é quente com um bom suprimento de sangue. A face é viva e móvel. A voz é expressiva e não mecânica. Os olhos são luminosos e abertos ao contato.
- Orgasmo é também uma pulsação rítmica involuntária, com gratificação e um sentimento de amor pelo parceiro. Sentimentos sexuais e sentimentos amorosos podem ser sentidos pela mesma pessoa.
Aspectos psíquicos de saúde:
- Habilidade de relacionar a expressão externa com a necessidade interna e de ser capaz de funcionar a partir das necessidades primárias da vida e de distingui-las das adições secundárias.
- Habilidade de fazer contato com outra pessoa sem idealização ou projeção, ou outras defesas distorcidas. A habilidade de distinguir o contato genuíno do contato substituto, e de valorar e cultivar o primeiro destes.
- Habilidade de tanto conter os sentimentos como expressá-los, e de decidir quando é apropriado fazer qual.
- Estar livre de ansiedade quando não há perigo.
- Coragem para agir em defesa daquilo que se acredita ser certo, ainda quando haja perigo.
Aspectos espirituais da saúde:
- Contato com as partes profundas pessoais de valores que trazem um
sentido à vida e a colocam em um processo. - A força existencial para lidar com as crises da vida sem ficar preso no desespero.
- O sentido de que a vida é um processo de um respeito cada vez mais profundo pelo amor a si próprio e aos outros.
- Estar livres da culpa neurótica e a vontade de encarar uma responsabilidade real.
Se estas são as qualidades de saúde, perturbação é a perda destas qualidades. Isto na aura se mostrará como um escurecimento de luminosidade e um marasmo ou atividade super frenética da qualidade vibratória do campo.
Em Biossíntese nós reconhecemos três formas diferentes de armadura:
- Armadura Visceral- Isto é uma perturbação grave ou disfunção na respiração ou nos movimentos peristálticos. Haverá uma tendência a hiperventilação crônica (respiração excessiva)ou hipo – ventilação (respiração fraca) e para um sistema fechado no abdômen (Síndrome dos intestinos irritados). Em formas externas estas disfunções podem ser expressas como uma disposição à asma ou colite.
- Armadura Muscular, e Armadura dos Tecidos- O tônus muscular pode estar perturbado em duas direções: hipotônus (fraqueza, falta de carga energética) ou hipertônus (aperto, carga energética excessiva). A armadura dos tecidos está relacionada à disposição dos fluxos dos tecidos e à pressão arterial, a qual quando fica devagar pode produzir uma variedade de distúrbios na distribuição do fluxo que tem sido descritos em detalhes no trabalho de John Olesen.
Em formas extremas nós vemos tendências a dores reumáticas ou a doenças cárdio- vasculares (hipertensão, stress cardíaco). - Armadura Cerebral- Isto pode ser visto em perturbações dos ritmos cérebro espinhais (a corrente transcefálica), ou à fluência dos hormônios cerebrais. Pode ser visto em distúrbios de visão ou do contato ocular.
A tendência ao pensamento obsessivo ou a desordem do pensamento esquizofrênico seriam expressões mais sérias da armadura cerebral.
Há um perigo de dividir as pessoas em ovelhas e lobos *, a pessoa sadia e que não necessita de terapia e a doente que precisa. Seria mais realista ver a saúde como um aspecto e reconhecer a capacidade de resposta neuróticas nas pessoas consideradas como saudável e a capacidade saudável em indivíduos bastantes perturbados. De fato, todo progresso em terapia depende que o terapeuta ajude na liberação das reservas escondidas de saúde de seu cliente.
* – N.T. No original “Sheep and goats”.
2.3 – A aquisição do distúrbio:
Enquanto que com Freud nós vemos a origem da neurose no período edípico, ou com Melanie Klein nós a procuramos no primeiro ano de vida, ou com Lake e Mott nós a encontramos atrás no período pré- natal, o efeito do choque entre as necessidades primárias e o processo de “civilização” rompe a unidade do organismo.
Esta perda de unidade afeta a integração funcional das três camadas germinais do corpo. No feto isto se desenvolve durante as primeiras semanas de vida, como o interior (endoderma), o exterior (ectoderma) e o celular. No corpo da criança ou do adulto grupos de órgãos que correspondem a estas três camadas germinais:
ENDODERMA: órgãos digestivos e pulmões
MESODERMA: ossos, músculos e sangue
ECTODERMA: pele, órgãos sensoriais, cérebros e nervos, genitais
O efeito deste divisão é separar a ação do pensamento e do sentimento; a emoção do movimento e percepção; a compreensão do movimento e sentimento.
Há lugares no corpo onde estas disfunções estão colocadas mais enfocadamente: entre a cabeça e a espinha, na base do pescoço; entre a cabeça e o tronco, na garganta; e entre a espinha e os órgãos interno do tronco, no diafragma.
Ocorre que estas três colocações correspondem as três maiores fases do ciclo de maturação do desenvolvimento infantil:
A pressão do nascimento é experienciada fortemente na base do pescoço e através das sobrancelhas. Isto pode separar a ligação entre a cabeça e o corpo.
Problemas orais e de desmame acarretam stress na garganta e respiração confundida com sugar.
Repressão anal e genital funciona através da compressão do diafragma, a ponte natural entre respiração e movimento.
Estas três correntes de afeto podem ser identificadas na vida fetal. Elas existem como ondas pulsativas de sensação movendo através de diferentes partes do corpo. O primeiro destes é um fluxo do afeto umbilical que vai da placenta através do cordão umbilical para o centro do corpo. Se a mãe está contente com sua gravidez e está emocionalmente feliz seu sentimento de bem- estar é, comunicado à criança. Horas antes do nascimento o feto é também afetado através do cordão umbilical com estados emocionais fortemente negativos provenientes da mãe. Afetos maternais negativos podem ser comunicados através dos hormônios corporais. No período depois do nascimento o cuidado precoce da pele, olhos e orelhas do bebê, pode criar padrões básicos de hiper ou hipo sensitividade, em cima dos afetos fetais que ele traz do útero. Cuidado de postura e movimento pode criar distúrbios do sentido Kinestésico, e criar numerosos padrões de respostas de choque.
Os padrões de defesa de caráter são maneiras aprendidas de tentar lidar com estes stress precoces.
Os vários tipos de caráter descritos em Biossíntese podem ser vistos como maneiras aprendidas de experimentar lidar com estas defesas precoces. Três funções em particular podem ser utilizadas para diferenciar o estilo de defesa que uma pessoa usa.
A primeira está relacionada com a quantidade total de energia disponível para a proteção pessoal. Nós podemos distinguir uma polaridade na quantidade e qualidade de carga presente; a qual está relacionada ao modo como uma tendência a lutar ou reagir com super excitação em situações de stress e uma tendência para ou “engarrafar” esta carga ou descarregá-la explosivamente. Uma carga diminuída levará uma pessoa a reagir com mais passividade e resignação às situações de ameaça. Nós estamos lidando em parte com uma polaridade natural do sistema nervoso, e em parte com padrões de respostas induzidas pela educação. Portanto nós podemos cercar uma criança com muita estimulação aumentar seu nível de carga, ou podemos estimulá-la num ambiente que lhe dê pouco estímulo ou pouco desafio.
Hans Seyle mostrou que alguns níveis de stress (desafio) é necessário à saúde e carga diminuída ou carga excessiva, são evidências de muito ou pouco estímulo.
A segunda função é o nível de grounding presente na pessoa o que está relacionado com o nível do tônus. Pessoas com fortes ego que o usam em forças defensivas desenvolvem várias formas de rigidez nas quais o corpo pode ser visto como um cordão super esticado. Tais pessoas tendem a ser compulsivas e fixadas na realidade externa. Especialmente o impulso para trabalhar “duro” em alguma coisa. Se a musculatura é hipotônica a pessoa se sentirá não enraizada… Ele teve mais dificuldades em adaptar-se ao mundo externo, e também a retirar-se mais para seu mundo interno. Formas extremas de não enraizamento aparecem como tendência a desenvolver algumas formas de comportamento psicótico.
A terceira função é o estilo de cognição e percepção. O pensamento linear e lógico leva a aumentar o foco mental e fazê-lo agir como um farol iluminando um problema em particular com exclusão de tudo mais. Em formas externas isto desenvolve um tipo de visão de túnel. O oposto é um estilo mais simbólico de pensar, que enfatiza a metáfora, a associação livre e a imagem. Este estilo é mais flutuante.
A intenção entre diferentes extremos pobres de carga emocional tônus muscular e foco mental, envolvendo três componentes diferentes do sistema motor, produz oito estilos básicos de personalidade. Frank Lake mostrou como pessoas podem ser levadas a saltar de um pólo de resposta ao oposto, quando este nível de stress transmarginal aumenta. Nós podemos ver isto na resposta ao frio: num certo nível de frio a pessoa pode tremer ou correr para aquecer-se, por exemplo: responde pelo movimento. Mas nos níveis profundos de frio ele pode conservar o calor escondendo-se sob um cobertor e reduzindo o movimento. É semelhante a como uma pessoa lida com a frieza emocional.
2.4 – A perpetuação do distúrbio:
A divisão neurótica tende a se reproduzir:
A estrutura do caráter… transforma-se em estrutura social. A energia reprimida do indivíduo torna-se o combustível para a tirania política e contra terrorismo. As crianças maltratadas crescem e tornam-se pais que batem em suas crianças.
Quando as tendências do caráter neurótico são racionalizadas socialmente elas criam o que Reich chamou de “praga emocional”, uma forma bem defendida socialmente de comportamento disfuncional que pode expressar-se em um grande número de manifestações contra a vida, desde a indústria nuclear, até os regimes repressivos nas escolas, ou em uma tecnocracia desumanizada de um nascimento de crianças super mecanizadas, onde as necessidades do obstetra tomam procedência sobre os ritmos naturais de ambos o bebê e a mãe.
A neurose é perpetuada por estas forças na sociedade que são expressões coletivas da perda de contato com as funções saudáveis da vida.
Eu trabalhei terapeuticamente em cerca de trinta países e tive uma excelente oportunidade de observar a ênfase criada por diferentes padrões culturais. Pode ser necessário sair de sua própria cultura e olhar com os olhos de outra, para ver suas formas particulares de perpetuação do conflito.
No Japão por exemplo há um forte tabu em relação ao contato visual e ao mesmo tempo uma pressão muito poderosa para que o indivíduo se conforme as normas do grupo. Os olhos estão mascarados para conter
a individualidade. Mas não é problema pessoal de um tipo de educação repressiva: isto é aprendido através de ética de um padrão cultural inteiro, e é reforçado diariamente de mil formas diferentes.
Na América Latina o medo é muito mais evidente na expressão das pessoas e num nível mais elevado do que na maioria das outras culturas onde trabalhei. Este medo pode estar relacionado com a situação política onde a maioria destas pessoas cresceu.
Em um grupo de profissionais que liderei em Buenos Aires, composta de psicólogos humanistas aproximadamente um terço do grupo tinha sido vítima de rapto, tortura ou repressão política severa, ou tinham tido amigos de infância que foram mortos ou desaparecidos por razões políticas.
Na Califórnia, a terra da terapia primal, e mil outras maneiras de promover mudanças radicais, em uma conferência sobre a política do corpo, as pessoas diziam: nós sabemos como nos dividir mas não sabemos como nos colocar junto de novo. A fragmentação de sua sociedade multirracial, e seu meio poliglota onde “tudo e nada acontece”, estava refletida em suas estruturas de caráter. Sistemas terapêuticos, programados para facilitar o distúrbio e promover melhor saúde, podem eles próprios tornarem-se parte da perpetuação. Por que é fácil transformar uma comunidade terapêutica em uma nova forma de tirania, que demanda das pessoas o oposto do que a velha tirania ordenava. Ou usar a situação delicada da situação de transferência que existe entre o que ajuda e o que é ajudado como uma maneira de impor a outra pessoa às crenças e atitudes de outro.
Assim em Biossíntese nós também estamos interessados em ensinar as pessoas como ficar de pé e resistir a manipulação e pressão de grupo que pode algumas vezes ser encontrado no que é suposto ser um ambiente terapêutico.
Uma outra parte de perpetuação é o que Freud chamou de compulsão à repetição e está relacionado à resistência. Em Biossíntese a resistência está relacionada a conceitos de biologia como homeostase a tendência a manter a vida como ela é e impedir as flutuações, que são saltos qualitativos fora do estado usual no qual nós vivemos e estamos condicionados. Mas o tratamento da resistência leva a uma descrição da prática de terapia.
3. OS OBJETIVOS DA TERAPIA
O objetivo da terapia é restaurar na pessoa um estado de pulsação saudável na qual as atividades básicas da vida são rítmicas, dão prazer, e trabalham para facilitar o contato consigo e com outros.
Há muito tempo atrás Mathias Alexander descreveu tensões criadas pelo que ele chamou “objetivo final” e concluiu que deveríamos prestar atenção aos meios.
Wilhelm Reich, em 1950, fez um projeto para estudar mães sadias e encontrou que o impulso “para ser saudável” criava distúrbios. De forma semelhante o esforço para relaxar pode criar tensão.
Em Biossíntese o processo do crescimento terapêutico é mais importante do que o produto.
Se nós focalizarmos o produto nós podemos facilmente começar a fazer demandas ao paciente que preenchem nosso modelo de saúde: por exemplo, a demanda para ser emocionalmente expressivo pose seguir-se à crença de que expressão é saudável.
O enfoque “produto” para terapia pode impor demandas novas, algumas vezes resultando em uma nova forma de tirania, sobre pessoas cujo problemas podem já estar relacionado com seguir as demandas de outras.
Num processo terapêutico muita atenção é colocada à direção na qual a pessoa que está sendo ajudada deseja mover-se, o problema que confronta e os novos passos que quer dar. Se, como ocorre freqüentemente ela está pouco clara sobre estes, o terapeuta trabalha para suavizar a respiração e soltar as tensões musculares, a tal ponto que a direção do crescimento pode ser diretamente experienciada. Há um emergente no cliente, que pode ser diretamente experienciada pelo terapeuta e ajudada a desenvolver-se.
Portanto o terapeuta não procura dar direções ao cliente, exceto como medida temporária, mas ajuda a descobrir as direções internas do cliente.
Desde que, há muitos estilos diferentes de vida não há somente um objetivo para terapia, mas muitos. Cada pessoa a medida que se aproxima de encontrar seu mais profundo impulso direcional seguindo-o experimenta prazer, aumento de vitalidade e um sentido mais completo de plenitude.
Hamed Ali em seu livro “The Elixir” coloca que muitas terapias decidem o que é para uma pessoa e então oferecem isto. Por exemplo, “entrega” pode ser o objetivo de um sistema terapêutico e desenvolver o poder de vontade, pode ser o objetivo de outro.
O que se necessita, contudo é que o terapeuta e cliente consultando- se, determinem que é o próximo passo para o crescimento do cliente e ajude-o a dar o próximo passo, mais do que mover-se em direção do objetivo do terapeuta. Aquele que necessita desenvolver maior entrega e aquele que necessita desenvolver mais o poder da vontade, estão ambos relacionados a um processo no qual o objetivo pode ser visível ou invisível.
O objetivo pode melhorar à medida que o processo emerge.
3.1 A “pessoa” do terapeuta
Neurose é o resultado de um relacionamento primário perturbado (Terapia, para ser profundamente efetivo, em mudar este distúrbio primário, necessita criar uma nova relação).
Às qualidades da relação perturbada combinam para produzir um padrão de interferência no ritmo do crescimento pessoal. Neurose é o efeito deste padrão de interferência. A relação terapêutica necessita intervir na interferência de tal forma que possa criar uma ressonância com os ritmos primários de crescimento.
Um bom terapeuta com uma técnica limitada terá um bom efeito sobre um cliente em uma área limitada. Contudo um bom terapeuta verbal, pode ajudar ao cliente a ter importantes insights, contudo negligenciando áreas cruciais de mudança somática.
De outro lado um mau terapeuta com uma técnica avançada pode ter um mau efeito sobre um cliente sobre uma larga área do seu desenvolvimento.
De Paulo Freire, biossíntese toma um modelo básico de três estilos de interação que define três estilos de pessoa para um terapeuta.
O primeiro destes ele chama invasão, o segundo privação e o terceiro diálogo.
O terapeuta invasor penetra no cliente. Ele se transforma não no terapeuta mas no estuprador.
Ele pode estuprar o cliente com interpretações que atiram no inconsciente (de forma que Reich condenava em 1933) ou ele pode ser invasor por usar técnicas corporais de pressão para forçar uma resposta e superar a resistência do cliente. (Invasão é uma falta de respeito pelos limites do cliente e resulta no desestímulo ao cliente para confiar em seu próprio processo de desenvolvimento).
Privação é um estado onde o terapeuta retira do cliente alguns dos nutrientes básicos que ele necessita para crescer. Um terapeuta corporal que recusa palavras e priva o cliente da experiência da linguagem ou um terapeuta verbal que não tem insights em relação ao corpo pode privar um cliente de experiências kinestésicas.
O medo de invadir pode levar à privação; o medo de privar pode levar à invasão. Entre estes dois modos perturbados de relacionamento existe o diálogo.
O diálogo pode ser verbal e não verbal. O terapeuta aberto para o diálogo aprenderá de seu cliente da mesma forma que o ensinará. Haverá uma interação mais dinâmica entre eles baseados numa comunicação aberta e processos mutuamente desenvolvidos.
“Diálogo é uma maneira de contato que cria ressonância com o cliente. Esta ressonância é uma mesa de som que pode ser usada para avaliar a adequação de qualquer técnica usada. A pessoa do cliente é de importância primária; as técnicas são de importância secundária”.
A pessoa do terapeuta pode ser demasiadamente impessoal ou demasiadamente pessoal. O terapeuta impessoal procura ser objetivo, esconde seus sentimentos, permanece como uma tela em branco, ou pratica uma técnica específica. O terapeuta super pessoal é demasiadamente subjetivo, cria uma relação simbiótica com o cliente, atua suas necessidades pessoais na sessão, e é incapaz de manejar ambas a transferência e a contratransferência.
Entre estes dois extremos, há lugar para o compartilhar de emoções humanas profundas de uma forma humana e calorosa. Em biossíntese o corpo do terapeuta é um instrumento importante, o mais básico. É o corpo do terapeuta que ressoará para muitas das tensões sutis e estadas emocionais do cliente. Reich chamou este processo de “identificação vegetativa”. Isto significa sentir em seu próprio corpo um sentimento da luta do cliente, seus ritmos e sua qualidade pulsatória.
O corpo do terapeuta é um instrumento em outro sentido. Interação corpo a corpo é uma das mais poderosas maneiras de aprender a provar padrões de desenvolvimento. Isto inclui o uso das mãos no toque, mas o terapeuta em biossíntese usará muitas vezes outras partes do seu corpo, o pé, as costas, a cabeça, para ajudar o cliente a explorar novos caminhos de movimento. O terapeuta torna-se algumas vezes um “contact dancer” que guia o cliente para uma nova experiência no seu próprio corpo. Terapia é então uma forma de guiança de contato.
Naturalmente transferência e contratransferência, com o uso do toque, são fortes e o terapeuta necessita ter feito muito trabalho pessoal antes que esteja pronto para participar nesta forma profunda de diálogo somático de forma responsável para evitar o perigo de invasão que foi descrito acima. As implicações da transferência e contratransferência em biossíntese são descritos em outro lugar. (1)
3.2- O estilo terapêutico
Estilos de terapia refletem o estilo da pessoa. É importante que cada terapeuta adote um estilo de ser como o cliente que seja congruente consigo e com sua individualidade. Isto é diferente de um estilo que reflita seu caráter desde que o caráter é por definição um estilo defensivo de comportamento. Nós procuramos minimizar o efeito do caráter sobre o estilo e maximizar o efeito.
(1). “Transference, ressonance, interference”, Journal de Biodynamic Psycology, no. 3 London.
Há uma segunda maneira de olhar para estilo em termos do grau de atividade ou receptividade do terapeuta. Em biossíntese nós temos cinco estilos de interação em termos do spectrum de atividade/receptividade.
Em um nível o terapeuta é o iniciador. Ele sugere, propõe, dirigi, ativa, mobiliza. O cliente reage, procurando seguir a atividade do terapeuta. Contudo a reação do cliente é dirigida pelo outro e não auto- dirigida.
O terapeuta por exemplo pode propor um exercício em particular para soltar uma parte do corpo do cliente. E o cliente pode reagir fazendo o exercício mecanicamente no início. Contudo o primeiro nível pode preparar o caminho para o nível dois, onde o terapeuta é igualmente ativo mas o cliente é mais expansivo, responde à iniciativa do terapeuta com mais motivação, mais individualidade em sua resposta, inclusive modificando a sugestão original. No outro pólo do spectrum, o nível cinco é onde o terapeuta é altamente, receptivo ao cliente. Ele dá espaço, permite tempo, incuba, suporta, deixa pausas grávidas e está mais em contato com ser do que fazer. Naturalmente isto pode transformar-se no clássico “jogo de espera do script de privação”, mas nem toda espera é neurótica. Há uma espera criativa que pode dar ao cliente tempo para organizar sua experiência para si próprio pela primeira vez. No nível cinco, o terapeuta permite, encoraja e aceita os movimentos naturais do cliente, silêncios, fluxo de linguagem e expressão emocional. No nível quatro o cliente está igualmente liderando a sessão, mas o terapeuta se junta e acrescenta alguma coisa ao que o cliente traz. No trabalho de movimento, para suportar fisicamente ou amplificar um movimento iniciado pelo cliente. É uma resposta semelhante àquela de alguém que empurra uma balança que já está oscilando sob ação do fiel.
O terceiro nível é uma posição intermediária no centro do espectro. terapeuta e cliente estão ambos engajados num processo onde pode não ser claro quem está liderando a quem está seguindo. O processo ele próprio é o que move e os dois participantes estão seguindo a dinâmica interior do processo. Aqui é onde o trabalho mais parece com a dança é aqui onde se encontra o máximo de interdependência.
A qualquer tempo em uma sessão algum destes cinco níveis de interação pode ser o de maior ajuda. Eles funcionam como uma variação de opções de contato e respostas, e quanto mais mobilidade um terapeuta tiver em selecionar qual opção é a mais apropriada, melhor o trabalho se processará.
Se o terapeuta é demasiado ativo e intervém quando o cliente está prestes a entrar em contato com um tema interior profundo, o cliente será afastado de seu verdadeiro processo. Se por outro lado o terapeuta dá permissão e espaço para um cliente que está de alguma forma atuando seus padrões de comportamento, então ao cliente será negado a chance de aprender o que está escondido atrás desta situação.
Assim as opções na variação de atividade e receptividade necessitam ser apropriadamente manejadas para que sejam estilos terapêuticos efetivos.
3.3- Técnica terapêutica
Eu prefiro escrever sobre processo terapêutico mais do que sobre técnicas. Eu não ensino técnicas que possam ser abstraídas do contexto. Contexto está relacionado a processo. Processo é a dinâmica pessoal dentro do qual uma estrutura particular de experiência, ou uma técnica particular faz sentido ou não.
CENTRAMENTO – Centramento é um processo de ajudar uma pessoa a entrar em contato com seus ritmos ondulatórios de respiração, e com a dinâmica emocional associada. A respiração e a emoção estão profundamente relacionadas, toda mudança emocional envolve uma mudança no ritmo respiratório. Há padrões específicos de respiração associados com ansiedade, raiva, tristeza, esperança, alegria, anseio e assim por diante.
A respiração pode estar desequilibrada se estiver mais no peito do que na barriga e vice- versa. E pode ser ainda desequilibrada se a ênfase é mais na expiração em clientes que são super controlados e super tensos encorajando um fluxo livre de movimento, exemplo: correndo, ou outros trabalhos de movimento descritos abaixo. A respiração então tenderá a seguir o movimento. Para pessoas que tendem a minimizar sua inspiração, a enfatizar sua expiração, é necessário ajudar a estimular a inspiração.
Isto pode ser feito de muitas maneiras: ações de suspender gentilmente a coluna cervical ou lombar ao mesmo tempo que há inspiração, suportará uma inspiração mais profunda. Um levantar e abaixar, ou abrir e fechar dos membros, no ritmo respiratório, também será de grande ajuda.
Da mesma maneira uma forma particular de massagem para músculos poucos carregados, hipotônicos: eu chamo esta massagem de “toque de útero”, ela consiste em um amassar delicado dos tecidos macios do corpo, particularmente dos músculos da parte superior dos braços, em ritmo com a inspiração.
As sutilezas deste método são difíceis de descrever aqui. O efeito do trabalho com respiração é freqüentemente promover liberação emocional (em uma pessoa super contida), ou contenção em uma pessoa emocionalmente volátil. O trabalho inspiratório ajuda nos estados de ansiedade, desespero, fraqueza e tristeza. O trabalho expiratório é indicado para condições de super controle, raiva reprimida, e tensão excessiva.
Muitas vezes uma pessoa está em uma condição onde um tipo de trabalho precisa ser seguido pelo seu oposto, como uma forma de contrabalançar.
CAMADAS EMOCIONAIS:
As emoções podem estar em camadas, uma emoção que é fácil de expressar sendo que é defensivamente para esconder uma emoção que é difícil expressar. O princípio terapêutico é tentar elicitar a emoção escondida e evitar o encorajamento da emoção defensiva. Exemplos comuns são:
RAIVA usada para esconder TRISTEZA E MEDO MEDO usado para esconder RAIVA OU EXCITAÇÃO TRISTEZA usada para esconder RAIVA OU PRAZER
ENRAIZAMENTO – O enraizamento está relacionado com nosso ritmo de movimento e o estado de nosso tônus muscular. Uma pessoa está bem enraizada quando ela tem tônus muscular apropriado para uma ação ou comportamento particular. Moslhe Feldenkrais fala disto como a estância potente.
O terapeuta trabalha para liberar a energia dos músculos tensos, transferindo em movimentos expressivos e para reunir energia em músculos frouxos, aumentando o tônus através de resistência dinâmica contra o solo da terra ou contra o chão do corpo do terapeuta.
Enraizamento envolve vitalizar o fluxo de energia para baixo na espinha e daí para os “cinco membros” braços, pernas e a cabeça. Nós trabalhamos com um amplo espectro de posturas corporais, alguns destes semelhantes as asanas do yoga, ou as posições de stress da bioenergética.
Em biossíntese, contudo nós estamos basicamente interessados em postura como expressão da capacidade de contato de uma pessoa. Muitas das posturas têm um caráter evolucionário e estão relacionados aos estágios vitais de desenvolvimento, desde os movimentos do reflexo do nascimento, indo pelo arrastar-se e engatinhar, até ficar de pé e andar. Estes estão ilustrados de forma bela no livro de Stanley Keleman, Anatomia Emocional. Mas os movimentos parecidos com o peixe de nadar e o de ave de voar também ocorrem como parte da regulação do fluir da forma que tem muito em comum com a dança da liberação.
O fluir do movimento tem três aspectos qualitativos principais, um vital, um emocional e um espiritual.
A expressão do movimento pode ser um fluxo vitalizador de vida através do corpo trazendo energia e motilidade de volta a área previamente adormecida; ou pode ser um fluxo emocional, ajudando a pessoa a traduzir seus estados afetivos em seqüência de ações significativas. Por exemplo ele pode ser ajudado em um estado de medo a fortalecer os seus limites de forma a construir uma proteção mais efetiva contra ameaças ou em estado de raiva ele pode ser ajudado a ampliar seu espaço, de forma a se sentir menos comprimido e limitado muscularmente; e em um estado de tristeza ele pode ser ajudado a procurar por mais contato do que usualmente ele se permite. Em terceiro lugar a expressão de movimento pode trazer um fluxo de sentimentos espirituais para uma pessoa, quando o gesto tem a qualidade mais de uma “mudra”, ligando a pessoa, mais profundamente a energias universais muito mais extensas do que ele próprio.
Para elicitar estas formas de fluir e de evoluções posturais dinâmicas, o terapeuta em biossíntese aprende a reconhecer a linguagem da atitude do movimento que é um estado cheio de intencionalidade. Se a atitude do movimento é solto um movimento de nascimento de uma seqüência de liberação. Se a intenção do movimento é suportada a tendência do movimento se revelará e fluirá na direção de uma das saídas maiores descritas acima.
O terapeuta trabalha com o princípio de indução e ressonância somática. Ele tem de ser sensível com seu próprio tônus muscular ao tônus muscular daquele que ele procura ajudar.
O tempo deste suporte será crucial de forma a respeitar o tempo do cliente e também a relação com o ritmo respiratório do cliente será freqüentemente de importância crucial.
ENCARAR E FAZER SOM
Além da expressão do movimento os principais canais de contato são os olhos e a voz. O terapeuta trabalha com as qualidades do contato visual como “espelhos da alma” e tem experiência em como elicitar as diferentes expressões que estão contidas nos olhos.
Na posição de olhos abertos há duas maneiras principais de olhar, o olhar de contato e o defensivo.
O olhar defensivo é associado com fixar, olhar de forma reservada, ou com um olhar sonhador, longínquo. Algumas vezes o olhar pode ser mudado ajudando a pessoa a voluntariamente aumentar sua tendência e então relaxar de forma a reduzir o nível de defesas. Algumas vezes com a pessoa super observadora, que usa o olhar como forma de controle, trabalhar com os olhos fechados trará maior contato com sua expressão interna.
Se os olhos são mais abertos ao contato eles responderão ao contato visual do terapeuta e as diferentes expressões tais como anseio, ansiedade, raiva ou prazer podem ser ajudadas a se expressar.
Na posição de olhos fechados há também um modo defensivo e de contato. O modo defensivo é associado com retirada de contato e dificultar o receber através do olhar como também receber os sentimentos. A forma em que há contato está associada com colocar atenção no mundo da experiência interna e está freqüentemente associada ao aparecimento de imagem.
A habilidade do terapeuta está em distinguir de que forma os olhos estão sendo usados para ajudar ao cliente a confrontar aquilo contra o que ele está se defendendo.
Trabalhar com a voz há um reconhecimento de que uma relação energética muito próxima existe entre o tom de voz e o tônus muscular. Nós falamos de fazer sons como se o desenvolvimento da ressonância da voz de forma que ela pode tornar-se um instrumento poderoso de expressão.
Melhoramentos na liberdade da voz estão associados com melhoramentos no tônus muscular. Fazer som ajuda a enraizar. De forma clara o trabalho com a voz está intimamente relacionada ao trabalho com a respiração.
Quando nos aproximamos do papel da linguagem descobrimos que o fator chave em biossíntese é a habilidade em distinguir entre linguagem explicativa e linguagem exploratória.
Explicação significa “enrolar”. O cliente usa suas palavras, sem consideração do conteúdo, para dar informações que não carregam em si nenhum sentimento ou presença do corpo atrás deles. Esta linguagem está desconectada, e é usada de forma defensiva.
Exploração significa fluir. A linguagem exploratória vem mais do coração e está relacionada com a vitalidade e motilidade da pessoa. Em biossíntese, nós experimentamos enraizar a linguagem no corpo e desenvolver um fluxo fácil entre a expressão verbal e não verbal. Freqüentemente se os sinais do corpo tornam-se pouco claros ou confusos, o terapeuta usará a linguagem procurando clarificação do sentimento interno, e se a linguagem é confusa ele pode procurara mais compreensão do que está acontecendo através da leitura da linguagem não verbal do corpo.
ENRAIZAMENTO INTERNO
Os trabalhos com respiração movimento e linguagem formam o “ground” externo da biossíntese. Atrás disto permanece o “ground” interno da essência da pessoa. O “ground” interno está associado com presença e ser, mais do que atividade e fazer. O “ground” interno na respiração pode apresentar-se como um estado meditativo onde a pessoa sente vibrações mais sutis da respiração; em trabalho postural pode elicitar as “posturas da alma”, formas de movimentos profundos de intensidade espiritual; no trabalho com a linguagem pode levar ao descobrimento das imagens arquetípicas de scripts existenciais e abrir para uma dimensão transpessoal da existência.
Nós procuramos ligar estes dois “grounds”, interno e externo, um ao outro, ajudando constantemente ao cliente tornar-se consciente dos pontos entre sua vida interna e sua realidade externa.
SINAIS DE CONTATO E OS ELEMENTOS DE TOQUE
Em todas interações terapêuticas os sinais de contato do cliente serão a principal maneira de indicar se o que está acontecendo está aumentando sua pulsação ou seu sistema de defesa e contração. Estes sinais de contatos incluem afirmações verbais de alívio ou desconforto, mudanças na respiração e cor da face e no contato visual e mudanças no tônus muscular em resposta ao toque.
Em biossíntese nós achamos que ajuda considerar o toque como relacionados aos quatro elementos tradicionais: terra, água, fogo e ar. Cada um destes está descrito de forma abreviada abaixo.
TOQUE DE TERRA
Aqui os meios são usados, como outros pontos do corpo para suportar estruturas. Nós tentamos comunicar a experiência de solidez, e que o “chão” da terra e de outro ser humano pode ser confiável.
Para pessoas que são muito independentes nós usamos o princípio de suporte para ajudá-las a aprender a confiar em outros e poder receber ajuda. Para pessoas que são muito dependentes nós usamos para ajudá-las a confiar mais no chão e nas estruturas de suporte em seu próprio corpo ( costas, pernas, braços).
Toque de terra é particularmente bom, neste segundo sentido, onde estamos lidando com pessoas com limites frágeis, ou que se sentem pouco enraizados e super ansiosos.
TOQUE DE ÁGUA
Aqui nós procuramos transmitir a experiência de liquidez. As mãos tornam-se circuladores, indutores de correntes de energia, aumentando o fluxo de vida do centro do corpo para a superfície. Nós podemos reconhecer a liquidez do interior do corpo, na peristalse dos intestinos, descritos em detalhes na teoria de Gerda Boyensen de psicologia dinâmica. Nós podemos seguir o fluxo liquido dos movimentos na forma de vibrações, correntes, tremores do corpo, à medida que abandona a tensão muscular excessiva e reequilibra o tônus muscular. Movimentos semelhantes ao nadar dos braços e das pernas são também característicamente induzidos quando trabalhando com o princípio deste elemento.
TOQUE AÉREO
No toque aéreo as mãos usadas como bombas suaves para massagear o ritmo respiratório da pessoa dentro do corpo como um todo, e para assistir no preenchimento e esvaziamento do ritmo (extensão e flexão) (abdução e adução) (alongamento e encurtamento) de musculatura em geral.
Muitas pessoas dissociam a respiração e o movimento pela espasticidade e flacidez do diafragma, assim este tipo de toque pode ser chamado toque diafragmático desde que abre muitos diafragmas no corpo, trazendo mais pulsação à coroa da cabeça, e o fluido cérebro espinhal, o assoalho pélvico, a sola dos pés e as palmas das mãos como também ao próprio diafragma.
TOQUE DE FOGO
No toque de fogo o princípio é calor e termo-regulação do corpo. As mãos são usadas como radiadores para trazer o calor interno à superfície.
Isto pode ser feito diretamente esquentando áreas frias do corpo, ou indiretamente trabalhando com o campo energético no espaço acima de uma área constrita do corpo. Se ambas mãos são usadas para criar um campo energético entre palmas incluindo uma área em particular, o efeito é intensificado. Áreas quentes do corpo são normalmente supercarregadas e necessitam trabalho para dissipar o excesso de calor convertendo-o em movimento.
3.4- O processo de mudança em terapia
O Processo de mudanças depende de três fatores:
- a eficácia de interação terapêutica;
- a profundidade que alcança na pessoa; e
- a extensão na qual as mudanças na sessão podem ser transferidas para os eventos de vida.
O primeiro destes já foi discutido nas três sessões precedentes, portanto me restringirei às outras duas.
O trabalho terapêutico foi descrito por Reich (como já foi mostrado) como ocorrendo em três níveis de profundidade: um nível terciário da personalidade, relacionado com o caráter e as defesas musculares e associados com a máscara social.
Sob esta se encontra um nível secundário, que normalmente contém uma grande quantidade de stress, dos e sentimentos de solidão, raiva, medo. Embaixo desta novamente há em um nível primário uma camada, de bem estar com sentimentos de esperança e alegria, e prazer em estar vivo.
Entre estas três camadas há duas transições – muitos terapeutas são habilidosos em conduzir uma pessoa de suas defesas de caráter contra dor até experimentar a dor. Em Terapia Primal não há conceito de um sentido primário de bem – estar, portanto acredito que um cliente pode ser deixado sentindo-se vivo mas em stress por longos períodos de tempo, por causa da condição de Janov de que a dor é a camada primária. Devido à existência largamente encontrada da ansiedade em relação ao prazer, muitos clientes resistem à Segunda transição do distress para o bem estar. Quando chegam no ponto em que eles podem fazer esta transição eles voltam para a camada secundária de stress e continuam a atuar velhos padrões de liberação emocional que não tem mais valor terapêutico e que não propiciam clareza emocional, clareza é ajudada no encontrar novas fontes em contato com recursos esquecidos ou recentemente descobertos de esperança, gratificação e bem estar.
Em biossíntese, através do processo descrito antes, nós experimentamos trazer o paciente em cada sessão para este nível primário de experiência de alguma forma. O processo de mudança é semelhante a formação do sistema sangüíneo no desenvolvimento fetal. As gotas de ligação com a corrente primária de bem estar são como ilhas de sangue que geralmente juntam-se (coalescem) para formar correntes contínuas que se organizam em vasos sangüíneos. As gotas conectadas do contato do cliente com sua camada primária similarmente juntam-se para formar correntes de desenvolvimento que podem gradualmente convergir sua experiência em novas direções.
Contudo, para que isto aconteça ele necessita encontrar caminhos para ancorar suas mudanças somáticas e psíquicos ocorridos na sessão em situações básicas na vida. Isto pode significar uma disponibilidade para efetuar mudanças onde ele vive, com quem vive, no trabalho que faz e como ele organiza seu tempo e espaço vital.
Portanto os benefícios da terapia necessita ser enraizados na situação da vida para que se tornem seguros.
Isto está relacionado, no desenvolvimento do trabalho Reichiano de Hameed Ali, à compreensão sufi da diferença entra um estado e uma estação.
O estado como sua melhoria na sessão terapêutica, pode ser temporário. A “estação” é quando o cliente é capaz, ainda que temporariamente perca contato com sua direção interior, de recobrá-la para si. A mudança não depende mais de uma ajuda externa do terapeuta para sustentá-la.
4.- ESTUDO DE UM CASO
Em vez de apresentar uma longa história de um caso eu escolhi apresentar um exemplar de intervenção em uma crise usando princípios de Biossíntese.
Uma mulher em seus vinte anos veio a um grupo terapêutico não residencial três dias que eu coordenei em Tokyo, Japão. O organizador do grupo conhecia um pouco de sua história e estava muito ansioso sem saber se a admitia ou não no grupo porque ela parecia muito perturbada. De fato ela tinha cortado seu pulso direito alguns dias antes numa tentativa de suicídio. Sua situação de vida parecia caótica: ela estava muito envolvida com um culto religioso que praticava atividades de diminuição do ego ( que estavam enfraquecendo seu ego que já era fraco). Ela estava bebendo e fumando muito num esforço para aliviar sua dor.
No primeiro dia do grupo ela apresentou o seguinte quadro: sua respiração era extremamente apagada e quase imperceptível. Esta respiração diminuída eu sabia que era característico de um estado pré- esquizofrênico. Este sentimento era reforçado por seu contato visual que esteve muito perturbado, era nublado e de forma bem característica. Ela evitava olhar diretamente para qualquer pessoa, olhando basicamente em direção ao chão. Ela evitava contato físico e só foi possível ter alguma idéia do seu tônus muscular através do contato com suas mãos que eram mortas e sem vida em uma forma característica de uma hipotonia severa.
Ela só podia falar somente com uma voz fraca e confusa. (Eu acrescentaria que todo o trabalho com ela foi feito através de um tradutor o que acontece regularmente quando estou trabalhando fora. O tradutor era excelente. Eu tinha uma relação fácil com ele e as dificuldades de voz não eram de forma alguma relacionadas com o fato de que ele falasse Japonês e eu falasse Inglês).
Nós falamos um pouco sobre o estado de confusão e desespero que a levaram a cortar os pulsos alguns dias antes. Era uma linguagem exploratória sem nenhuma emoção.
Ao final desta primeira internação no primeiro dia de grupo era claro que ela se encontrava em um estado extremo de falta de limites, severamente recolhida e eu estava preocupado não que ela piorasse no grupo mas que nosso recurso num grupo de tempo curto não seriam adequados para ajudá-la a sair de seus sentimentos suicidas.
Ela estava contudo arriscando, e então eu reuni os organizadores japoneses do grupo para expressar minha preocupação sobre ela e perguntar-lhe que tipo de assistência de emergência eles teriam para ajudar pessoas que estivessem em estado de severa confusão e em perigo de acabar com sua própria vida.
Depois do primeiro encontro com ela, quando conversava com ela, ela falava o mínimo sobra sua situação, mas disse voluntariamente: “suas mãos estão quentes”. A primeira parte de contato tinha sido estabelecido de forma hesitante. Destes fios o tapete da mudança pode algumas vezes começar a ser tecido.
No segundo dia ela aproximou-se de mim no início do dia, por sua iniciativa própria, para falar sobre a noite anterior. Isto já era um movimento em direção ao contato e um passo fora de seu mutismo. Ela falou que se deu conta durante a noite que ela sentiu que seu namorado poderia morrer. Ela ligou isto a seu medo antigo que ela tinha de que seu pai pudesse morrer. Ela estava agora admitindo o medo, o que não tinha sido possível no dia anterior.
Eu criei um espaço para ela num grupo pequeno de quatro pessoas onde ela poderia continuar a explorar seu medo sobre a morte de pessoas. Depois de dez minutos ela disse que se sentia mais norma e não desejava continuar a falar, ela preferia fazer alguns movimentos corporais que eu tinha ensinado antes. (Estes movimentos traziam um sentimento de maior conexão entre os braços e tronco) e eram de utilidade potencial, para ela por causa da falta de energia que havia em seus braços e suas mãos sem vida.
Ela estava de pé, permitindo que seus braços se soltassem um pouco, e outro membro do seu pequeno grupo estava fazendo o mesmo, de repente ela fez um contato visual direto. Ela tinha momentaneamente abandonado a evitação nos seus olhos e à medida que seus olhos encontraram vida nos olhos de seu companheiro ela experienciou um medo intenso. Neste momento ela entrou em uma catarse muito forte, suas pernas sumiram e ela caiu no chão e começou a gritar intensamente. Ao mesmo tempo seu corpo começou a convulsionar espasmodicamente. Para este grupo de japoneses onde qualquer expressão emocional é socialmente difícil, deve ter parecido que ela teve um episódio psicótico. Se um paciente num hospital para doentes mentais ousa expressar seus stress de tal forma, é normal dar-lhe tranqüilizantes imediatamente ( a expressão crucial é perturbados para outras pessoas, não importa se os remédios vão beneficiar a pessoa).
Na próxima meia hora o trabalho era conter a imensa energia que foi liberada e não suprimi-las. Eu e outras pessoas no pequeno grupo, cercamo-la quando ela caiu e fizemos um círculo dentro do qual ela estava livre para liberar os movimentos de seu corpo, mas que também lhe dava segurança física e um limite claro. Era espaço de um útero para nascimento de novas energias. Nós mantivemos este contato físico por meia hora. Nós não podemos falar com ela por algum tempo porque ela continuava a gritar por um tempo muito maior do que normalmente ocorre em uma descarga que foi o contato visual que disparou seu medo.
Mas eu fiz contato com suas mãos e descobri que suas mãos estavam quentes. Agora nós podíamos fortalecer o contato estabelecido no dia anterior. Depois de algum tempo ela parou de gritar. Seu corpo moveu- se quietamente. Nós notamos que sua respiração era mais ampla e relaxada. Ela começou a falar. A primeira coisa que ela disse foi “Eu não quero ver”.
Nós cobrimos seus olhos com suas mãos e com as nossas, reforçando seu direito a mais limites, a afirmar e apossar-se de sua auto proteção. Logo ela pode ver através de seus olhos fechados as águas escuras de um rio no qual seu pai parecia estar afogado. Ela partilhou estas imagens por um momento. Estava próximo da hora do almoço. Eu lhe dei a escolha de continuar com o processo terapêutico com este tema durante a hora do almoço ou voltar para o mundo e ter um almoço ao qual eu me juntaria e a ajudaria a integrar esta liberação excepcionalmente poderosa. Ela disse, “Eu acho que estou pronta para ver agora, eu terei o almoço”!.
Ela abriu os olhos voluntariamente e sentou-se. Ela agora era capaz de olhar para as pessoas sem regredir ou sem evitação. Sua voz estava mais brilhante e ela expressou muito interesse quando eu lhe disse que a ajudaria a aprender algumas práticas que fariam ajudar a diminuir o medo.
No intervalo do almoço nós fizemos um trabalho de reforço do Ego usando linguagem para fortalecer sua habilidade de fazer escolhas e construir melhores canais para administrar seu medo.
Eu diminuí sua defesa, colocando suas mãos sobre seus olhos. Para normalizar, isto eu chamo de “Palming “ (palmear) que é um exercício muito conhecido de Bates usado para relaxar os olhos. Então eu olhei pedi que ficasse na postura yoga de criança, na qual o corpo toma uma forma fetal de recolher-se, o que aumenta o calor do corpo e enraíza a cabeça na terra.
Depois eu ensinei-a como reorganizar sua respiração de forma que ela pudesse sair do estado de pânico, sentando-se com as costas na parede, pernas dobradas e colocando uma pressão leve para cima e para baixo à medida que ela inspirasse.
Em quarto lugar nos criamos alguns contatos para ela de forma que ao menos ela tivesse alguém com quem partilhar seu pânico se tal situação viesse ocorrer de novo.
Eu sugeri a ela que pintasse seus medos e também o oposto do medo. Eu procurei oferecer-lhe sugestões de forma que ela podia organizar sua vida que poderiam ajudá-la a entrar em melhores contato consigo mesma.
No tempo restante do grupo ela permaneceu mais relaxada, inclusive participando como uma auxiliar no trabalho de outras pessoas. Quando o grupo terminou ela era capaz de se expressar de forma mais calorosa quando ela disse adeus.
Eu não a vi novamente por seis meses, quando ela retornou para outro grupo em meu retorno a Tokyo. Eu estava surpreso com suas mudanças. Ela me saudou calorosamente. Ela podia até falar inglês. Seus olhos estavam quentes e faziam contato. Seu tônus muscular não estava mais frouxo. Ela informou que tinha deixado de fumar e beber e que tinha deixado sua seita religiosa. E, disse ela, eu fiz estas pinturas. Ela desenrolou de um classificador cerca de trinta pinturas grandes e bonitas de vários membros de sua família e dela mesma, em muitas formas de ser. Este é meu pai afogando-se, disse ela. E aqui é meu pai quando eu era criança, e ele parecia feliz. E aqui sou eu quando eu me sentia triste e desesperada. E aqui é minha felicidade no sol.
Neste grupo ela não apareceu de nenhuma forma como especialmente perturbada. Seu surto esquizofrênico foi experienciado e contido sem a necessidade de usar drogas.
Neste segundo grupo ela trabalhou expressando raiva em relação a sua mãe, o que ela expressou de forma clara e apropriada e seus movimentos. De fato ela estava mais clara em sua expressão do que qualquer outra pessoa no grupo.
No estudo deste caso de uma intervenção em crise, o princípio da pulsação, a ênfase nas formas de expressão mais do que análise profunda de conteúdos a possibilidade de liberação emocional catártica como uma ponte entre o isolamento quase esquizofrênico para uma melhor força do ego no sentido de expressar e canalizar a expressão, a compreensão do corpo humano como base do contato e o enraizamento da experiência do grupo na vida diária foram todos necessários para capacitá-los a fazer estas mudanças e atravessa a crise com melhor integração do que ela tinha antes. Seu nome, ela me disse era Satchiko, que significava “criança feliz”.